Um bom planejador sabe o valor de estar adiantado em relação aos concorrentes. A grande questão, no entanto, é a confusão existente entre o que os planejadores acreditam que sabem sobre o próprio negócio e as demandas futuras de mercado e o que, de fato, o consumidor real deseja e anseia para o futuro. Em outras palavras, os planejadores investem e apostam alto em um produto azul, quando tudo que o consumidor deseja é um produto vermelho. Essa visão distorcida é o que leva o planejamento de muitas empresas ao fracasso. Mas como entender de que forma o planejamento deve ser feito?
O primeiro passo para um planejamento assertivo é partir do princípio que é preciso entender profundamente a experiência que o consumidor final deseja ter. Neste sentido, é preciso abrir mão daquilo que o planejador acredita que conhece e buscar ouvir as demandas externas.
O excesso de confiança é uma característica humana que pode levar a diversos julgamentos precipitados e, principalmente, ao desperdício de recursos. De um modo geral, tendemos a dar mais valor para as nossas próprias criações do que o valor que as pessoas atribuem. No campo da psicologia econômica, por exemplo, há um experimento bastante conhecido que comprova como isso acontece.
O psicólogo econômico Dan Ariely, da Universidade de Duke, montou dois grupos de participantes para a experiência. O primeiro deveria montar origamis complexos e, em seguida, os participantes deveriam estimar o quanto estariam dispostos a pagar por suas próprias criações. Os membros do segundo grupo deveriam apenas atribuir um valor que pagariam pelos origamis feitos pelo primeiro grupo. Perceba a discrepância de valores: os criadores se dispuseram a pagar aproximadamente US$ 0,25 por seus próprios origamis, enquanto os participantes do segundo grupo disseram estar dispostos a pagar apenas US$ 0,05 — cinco vezes menos do que os criadores.
Ou seja, tendemos a olhar para o que fazemos com uma visão superestimada em relação à forma como o outro nos enxerga. Entender esse viés de comportamento é crucial para que o planejador foque no que interessa: a experiência do usuário.
É nesse ponto que o Design Thinking surge como ferramenta crucial para que esse planejamento seja feito de forma ágil e eficiente. Por meio desse recurso, é possível olhar para o futuro de uma forma mais concreta, transformando perspectivas em estratégias realmente possíveis.
A diretriz aqui é conectar o que a empresa é capaz de oferecer com as reais necessidades dos consumidores.
Outro fator importante que vale ser ressaltado é que o Design Thinking tem importância não só para a experiência final do usuário. Seu papel é fundamental para que os investimentos em inovação dentro da empresa sejam mais assertivos. Veja bem, se o planejamento for feito sem levar em consideração tudo que foi dito até aqui, o dono da empresa investe recursos pensando naquilo que ele acredita que será de interesse de seu público-alvo. Com essa premissa frágil e arriscada, o empresário pode se ver desperdiçando uma significativa quantidade de capital para transformar a empresa e isso não se traduzir em resultados realmente positivos.
Sendo assim, até para entender a direção para a qual a empresa deve caminhar — e os investimentos que devem ser feitos para que a empresa se mantenha inovadora e com diferencial de mercado — o Design Thinking fornece os meios para que essa transformação aconteça de um modo positivo.
Para entender melhor como o futuro pode ser traçado dentro de um planejamento estratégico ágil, é preciso entender melhor três pilares que sustentam o Design Thinking. Na hora de desenhar uma estratégia, é preciso focar em três etapas: o que é desejável, o que é factível e o que é viável.
A primeira etapa é aquela em que definimos os maiores desafios, as metas mais ousadas. Em outras palavras, desenhamos o que a empresa deseja ser e oferecer aos seus consumidores. No segundo momento, equilibramos aquilo que está no campo do desejável com o que a empresa é, de fato, capaz de oferecer — temos aqui o que é factível. Depois desse funil, podemos ter uma visão mais clara daquilo que é realmente viável fazer, ponderadas todas as expectativas e os recursos disponíveis para concretizar o que foi planejado.
Até aqui, trouxemos uma ideia resumida de como o Design Thinking direciona o planejamento estratégico de uma empresa para a direção correta. Conhecer mais a fundo como esse recurso funciona é o caminho para um crescimento sólido e bem calculado. Mais adiante, falaremos um pouco mais sobre os benefícios que podem ser colhidos por uma empresa que utiliza Design Thinking.